sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ARTIGO > NECA MACHADO

A EDUCAÇÃO DAS RUAS
ELO ENTRE O DESENVOLVER E O SUICIDAR-SE.

Por > Neca Machado (Especialista em Educação Profissional, Administradora Geral, Licenciada Plena em Pedagogia, Jornalista Colaboradora, Artista Plástica em Impressionismo e Abstrato, Quituteira e Bacharel em Direito Ambiental)

O escritor e Psiquiatra Içami Tiba traduziu uma marca de uma educação nacional contestada por muitos de que QUEM AMA, EDUCA.
O AMOR não tem forma, nem formula, nem uma definição única, ele se traduz em somas de emoções, disciplinas, entendimentos e na complexidade dos conceitos que são singulares e subjetivos. SER MÃE para muitos é proteger, superproteger, afagar, controlar.... Mas a RUA EDUCA SIM. (Neca Machado)
Quantas vezes a maternidade nutre e separa.(?)

SUICÍDIO segundo conceituação cientifica:
Suicídio ou autocídio (do latim, sui, ou do grego autos: "próprio"; e do latim caedere ou cidium: "matar") é o ato intencional de matar a si mesmo. Sua causa mais comum é um transtorno mental e/ou psicológico que pode incluir depressão, transtorno bipolar,esquizofrenia, alcoolismo e abuso de drogas. Dificuldades financeiras e/ou emocionais também desempenham um fator significativo. Além da consideração nefasta do suicídio, há também avaliações positivas, sendo visto como uma vontade legítima ou um dever moral .
A RUA QUANDO EDUCA, mata.

Mata por DESEDUCAR.
Mata por não nutrir de caráter educativo quando alguém se nutre dessa educação nociva de LIBERDADE precoce, liberdade libertadora, liberdade sem limites.
E aí vem o suicidar-se sem causa, sem noção, sem motivo aparente. São as DROGAS licitas (álcool, cigarro, remédios...) e as ILÍCITAS (substancias psicoativas) Danosas e criminosas que MATAM qualquer um, sem idade, sem gênero, sem classe social, sedução para quem nunca experimentou, sedução no primeiro experimentar, sedução por pura sedução, até a DEPENDÊNCIA TOTAL.

A RUA EDUCA (Neca Machado)

Mas o acordar depois da RUA é transformador, desnorteador com seus problemas enigmáticos.
E agora? A quem recorrer? Se o Estado se exime sem políticas públicas no sistema de saúde sem condições, sem investimentos, sem tecnologia para DESINTOXICAÇÃO, proliferam clinicas milagrosas que nada tem de Milagres, e o SUICIDA NÃO MORRE SÓ.
Leva com ele a família toda.

Que precisa ficar vigilante para o proteger.

Mas, o mais grave é observarmos que dados estatísticos comprovam que as classes médias e alta estão infestadas de dependentes químicos e que autoridades que detém o poder quando possuem um familiar dependente químico ESCONDEM seus problemas quando poderiam transformar suas dores em soluções, elaborar LEIS mais eficazes para punir o traficante, não proporcionando a estes o direito de liberdade, confiscando de imediato seus bens para construção de centros de desintoxicação
Infelizmente AS RUAS CONTINUARÃO A EDUCAR. DESEDUCANDO.

MATANDO JOVENS EM PLENA CAPACIDADE PRODUTIVA, E MATANDO FAMÍLIAS.

“QUEM AMA EDUCA” ( Içami Tiba)

“A RUA TAMBÉM EDUCA E MATA” ( Neca Machado)






NECA MACHADO VALORIZA DONA DIDI PIONEIRA DO AMAPÁ EM SEUS 87 ANOS NO PRO...

ENGENHEIRO LOURIVAL DIAS FAZ HOMENAGENS A SUA MÃE DONA DIDI QUE COMPLETA...

NECA MACHADO VALORIZA PIONEIROS DO AMAPÁ EM SEU PROJETO MEMORIA VIVA, SE...

VERDADEIRAS MULHERES PIONEIRAS DO AMAPÁ, CIRURGIÂ DENTISTA IZABEL AVILA

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

69 ANOS DA SOCIEDADE ESPORTIVA E RECREATIVA SÃO JOSÉ * 26.08.2015


26.08.2015

*69 ANOS DA SOCIEDADE ESPORTIVA E RECREATIVA SÃO JOSÉ

Por > Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Bacharel em Direito e Especialista em Educação Profissional)

“Sociedade Esportiva e Recreativa São José. O clube foi fundado por Messias do Espirito Santo, um Oficial de Justiça do Fórum de Macapá, dentre seus fundadores, com objetivo de participar oficialmente do esporte regional.”

SEM HOMENAGENS.

Sou AMAPAENSE nascida no Poço do Mato, fundadora do Memorial que leva o mesmo nome.

Hoje acordei e NÃO escutei o som de fogos para homenagear os 69 anos da Sociedade Esportiva e Recreativa São José.

Não escutei o som dos autos falantes do carro de publicidade do Edvar Mota noticiando o aniversário do clube que está se encaminhando para seu centenário.
Nem vi as luzes serem acendidas por lampiões do ZÉ DA LINA.
Não escutei o assovio do Negro PSIU dizendo que haveria festa no Bairro.
NEM a notícia de primeira hora do JOÃO DO BALÚ.
Não senti o cheiro do Tucupi com alfavaca e chicória da Tia Joana preparando um saboroso tacacá para a festa.
Não tem o Açaí do Ramiro,
Não tem o Batuque do Mestre Bolão
Não tem o ar de leveza do Caiá.
Nem o rodopio das saias de Tia Chiquinha se preparando para dançar, ao lado de TIA VENINA.
Nem tem CROQUETES DE PÃO DE TIA IZABEL para comemorar,
Nem tem bancos de madeiras feitos por Mestre Paulo para Sentar,
Nem tem o sorriso de ironia do RATO para ladrões afugentar.
Nem tem as garrafadas de Mestre SACACA para brindar a saúde de novos jogadores.
NEM as rezas de Dona Antonina para o clube ganhar.
Nem o Bar do Pedro da Lina para comemorar.
Nem tem seu LALÚ, CANDIRÚ, MORCEGO, para contar causos ao ar livre,
Nem tem praça do Azevedo Costa,
Nem agua de POÇO DO MATO para beber mais, só fossa no meio da rua.
Nem tem TIA MACICA,
SEU AVULÚ
DONA TEREZA,
SEU GUILHERME LOURENÇO
TUPINAMBÁ.
Seu BARATA, MESTRE OSCAR.
NEM DELEGADO TEOBALDO para prender quem desarrumar.
NEM MEDICO LEONAI GARCIA PARA RECLAMAR.


NEM TEM MOTIVO PARA COMEMORAR.

O atual Prefeito de Macapá (2015) diz que o povo está no poder.
Mas se EU ESTIVESSE NO PODER.
COLOCAVA OUTDOOR PELAS ESQUINAS DO BAIRRO DO LAGUINHO COM O NOME DE TODOS OS PRESIDENTES QUE PASSARAM PELO SÃO JOSÉ.
Para que as novas gerações lembrassem de SUA IMPORANCIA, NESSES 69 ANOS DE HISTORIA E MUITAS GLORIAS.

Mas EU FIZ UM BOLO SIMBOLICO para comemorar seus 69 anos.







VERDADEIRO SABOR DO MEIO DO MUNDO COM NECA MACHADO

sábado, 22 de agosto de 2015

22.08 > DIA DO FOLCLORE > EU SOU FOLCLORISTA COM ORGULHO

22.08 > Dia Mundial do Pensamento e DIA DO FOLCLORE



Por > Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Escritora, Especialista em Educação e FOLCLORISTA)

Eu sou uma FOLCLORISTA TUCUJU, escrevi dezenas de CONTOS sobre a Mitologia Tucuju e  continuo a VALORIZAR NOSSA GASTRONOMIA.

“O Dia do Folclore é celebrado internacionalmente (incluindo no Brasil) no dia 22 de agosto. Isso porque nessa mesma data, no ano de 1846, a palavra “folklore” (em inglês) foi inventada. O autor do termo foi o arqueólogo inglês William John Thoms, que fez a junção de “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) para definir os fenômenos culturais típicos das culturas populares tradicionais de cada nação.
Sabemos que o folclore, ou cultura popular, tem despertado grande interesse de pesquisadores de todo o mundo desde o século XIX. É fundamental para um país conhecer as raízes de suas tradições populares e cotejá-las com as de caráter erudito. Os grandes folcloristas encarregam-se de registrar contos, lendas, anedotas, músicas, danças, vestuários, comidas típicas e tudo o mais que define a cultura popular.”

CONTOS DA NECA MACHADO



Publiquei centenas de CONTOS que foram releituras de estórias contadas a mim, por verdadeiros PIONEIROS DO AMAPÁ, que poderiam ser publicadas para que as futuras gerações conhecessem a nossa VERDADEIRA ESTORIA, CONTOS E CAUSOS POPULARES, mas, infelizmente só consegui com RECURSOS PROPRIOS publicar apenas um ENSAIO com 10 contos, ninguém da área da cultura amapaense teve interesse.

Dia de Monteiro Lobato não precisamos ficar reproduzindo suas estórias infantis, AQUI NO AMAPÁ, temos tantas histórias E ESTORIAS, belas, traduzindo a verdadeira CARA DA CULTURA TUCUJU.


OS ENCANTOS DO POÇO DO MATO

A lata de manteiga bem ariada, é instrumento de trabalho de Nega Piedade, rebolando as cadeiras ela desce preguiçosa e com ares de princesa de ébano as ladeiras que circundam o entorno do POÇO DO MATO, cantarola sem letra uma canção indecifrável aos ouvidos dos mortais.
Ela retira com cuidado os cipós que atrapalham seu caminho e segue sorrateira como uma cobra a dar o bote. No lado esquerdo um pedaço de pano no ombro, puído pelo tempo e no braço direito a famosa lata de manteiga que serviria para levar o liquido precioso para os patrões degustarem após a ceia matinal e para ajudar nos afazeres domésticos.
Negra Piedade brilha na sua cor lustrada pelos raios dourados do sol que banham aquela manhã, e ela num misto de magia faz parte de uma aquarela. O POÇO DO MATO tornou-se inatingível, distante, e a negra no viço da idade não percebe, o canto do pássaro é sua companhia, e a caminhada é longa, ela levanta a blusa, mostra seus seios rijos ao sol e enxuga o suor da testa.
Ao abrir os olhos o POÇO DO MATO surge como por encanto a sua frente e suas águas jorram como faíscas prateadas lavando o céu.
Piedade é só alegria, suas companheiras não apareceram e ela agradece por não ter que dividir espaço com ninguém em busca da água. A negra furtiva e exausta da caminhada observa se alguém se aproxima, seu suor é forte nas entranhas, seu cabelo carapinha, e os calos nos pés são esquecidos por um momento e ela se entrega aos sonhos, sentada ao redor do POÇO DO MATO encantado, dos Campos do Laguinho.
O Moço branco de camisa engomada, perfume francês estende-lhe suas mãos, e Piedade não recusa seu convite, levanta assanhada, arruma os cabelos, ensaia seu sorriso mais branco, balança as cadeiras, empina os seios num frenesi e exclama: sou toda sua Sinhô!
O moço ergue-a do solo, levita com ela naquele cenário e Piedade emudece, os pássaros continuam a cantar, as arvores deslizam suavemente ao balançar do vento e a brisa que sopra não a desperta de seu sonho irreal.
O POÇO DO MATO é a única testemunha da Negra Piedade e cúmplice em seu prazer carnal. As horas são intermináveis e preocupam os seus patrões, seus conhecidos e os vizinhos da negra Piedade.
Escurece, a Rasga Mortalha solta seu grito ensurdecedor, o céu tem muitas estrelas, o vento é frio e o Poço do Mato assustador, negra Piedade não voltou, os moleques correm com lamparinas pelo mato, cachorros servem de companhia  a procura de negra Piedade, e nem sinal dela. A noticia se espalhou, o seu sumiço é comentado em todas as esquinas, e em todos os bairros, a população que mora na Favela e no Elesbão ficam estarrecidos.
As lavadeiras e as carregadeiras de água junto com as moças virgens são proibidas de irem ao Poço do Mato sozinhas.
Por que?
Negra Piedade foi ENCANTADA no Poço do Mato dos Campos do Laguinho.
“Olha sinhô,
Olha sinhô
No poço do Mato
Essa Negra se encantou…”




ARCAISMOS DO LAGUINHO
Laguinho é meu lugar…

Matéria publicada no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 25 de fevereiro de 2003.


O Bairro do Laguinho é um recanto primoroso do Amapá, possui figuras expressivas no âmbito cultural, folclóricas, boemias, caricatas, anônimas, enfim…
O Laguinho se imortalizou por falar de poesia, sem o compromisso formal da escrita. No Laguinho encontramos o negro soberbo da sua cor, o poeta que cria trovas ao acaso, o boêmio que amanhece fora de casa, e ainda na rua interpreta poemas criados na noite anterior debruçado sobre uma cadeira de um bar qualquer.
Arcaísmos do Laguinho é a rebusca por palavras em desuso, antigas, antiquadas… Falar de umPitisqueiro que guardava preciosidades em suas gavetas de puro mogno, e que o verniz não saiu com o tempo, é salutar para a memória, abicorar  passarinho no Poço do Mato, sem ser incomodado por horas a fio, quieto, calado, feito uma estatua, quase morto… Desmintir o pé numa pelada nos campos do Kouro e levar para a famosa puxadeira Maria Cunha, Sacaca, Crioulo Branco, ou outros famosos que davam jeito na rasgadura do pé com a rapidez de um mágico.
Ataia, ataia… Os caminhos sem demora para se chegar aos objetivos propostos, ir na retrete e deixar a porta aberta era mania de todo mundo, só fechavam a porta quando alguém aparecia de repente.
Alguém estava Cuira para saber das ultimas novidades que as fofocas espalhavam, tiriça curtida depois de um bom gole de açaí amassado pelas mãos da Tia Geralda, a canela de um moleque magro,intanguido, tuira de não tomar banho, ou quando tomava era pela metade…
A cabeça de prego que trazia doenças e ficava nas valas empossadas ao lado, era um perigo diziam as velhas amas.
Menino corre da frente dessa cintina, gritava a mãe de vez em quando, Eré, Eré para mandar embora os inconvenientes, rodilha quebra com facilidade, cuidado! Só como paçoca feita em mufari(pilão). O Laguinho será sempre um lugar de saudade, aconchego e muitos amigos…


UM ROSTO
Conto publicado no Jornal Diário do Amapá em, 23 de fevereiro de 2003.
O rosto que apareceu no espelho não era verdadeiro!
A moradora do bairro do Igarapé das Mulheres se espantou; tinham rugas que pareciam de verdade, o sorriso era enigmático e traiçoeiro. A luz que pairava sobre o vulto sem forma no reflexo do espelho era assustador.
A noticia correu como um campeonato de velocidade, primeiro a benzedeira foi chamada, depois cobriu com um pano o local, passou algo embebido em cachaça, fumou um cigarro barato, fez o sinal da cruz e a coisa não sumiu.
A casa foi construída na beira do Igarapé das Mulheres, seus pés permaneciam dentro das águas barrentas o ano todo; às vezes a madeira de lei ficava totalmente encoberta, outras vezes somente a metade, dizem as más línguas que foi a reza de um pescador sentimental que agourou a velha casa, comprada com trocas de muitas viagens de pescaria, alqueires de farinha, piracuí e algumas frutas que foram plantadas na parte mais alta da propriedade, que serviu de moeda para adquirir tal patrimônio.
A reza foi complementada com muita água benta deixada de presente pelo velho pároco que estimava a família.
No espelho o visitante ao olhar a imagem refletida, tinha a sensação de realmente se deparar com um ROSTO.
Se era uma imagem masculina, o padre que também foi chamado, não soube explicar. O que realmente aconteceu foi algo assustador; os antigos moradores sumiram de repente, como por encantamento de mãe do mato, a policia ainda tentou investigar o sumiço, porém, nada foi deixado como pista. Era um casal de velhos da Ilha do Marajó, não tinham filhos, viviam somente da pescaria, e um dia a noticia chegou: os pobres velhos sumiram, alguém achou que foi o Boto, outros que foram comidos por jacaré açu que rondavam o local, e nada.
O que se comentava pelos cantos, era que agora, com alguém morando na mesma casa, os antigos donos queriam voltar e assumir seu lugar.
O ROSTO no espelho ficou na lembrança de muitas pessoas, como Dona Maroca que só de lembrar ainda sente calafrios na espinha e se benze, dizendo: Cruz, credo, virgem Maria!

FUNDO DE GAVETA
Publicado em 21 de fevereiro de 2003 no Jornal Diário do Amapá.


Quando ela se deparou chegando aos oitenta anos sentiu um leve frio na costela…
A negra dos Campos do Laguinho sentou na varanda da casa rústica e resolveu revirar seu passado, era como se limpasse o armário e olhasse profundamente para um fundo de gaveta…
Primeiro foram às mãos que envelheceram sem o sentir do passar dos anos, tinham marcas profundas de uma jovialidade, que a cor conservava, sem que o tempo demonstrasse sinal de sua presença.
Já não podia tocar em algo que as dores de um reumatismo não surgisse de repente, que a deixavamprostada por dias a fio na velha rede de algodão.
Muitos sinais da passagem da juventude desapareceram, sumiram como por encanto. A dor de cabeça era uma constante, e o famoso banho de São João que conservava debaixo da cama, era sua salvação, o banho era um segredo de família, conservado anos. Em dias de comemoração ao famoso santo, as ervas aromáticas ficavam em infusão por três dias banhadas em água de poço amazônida e retirados pela madrugada, tinha que ser antes do sol raiar para fazer efeito segundo a velha senhora. Sua sabedoria popular extrapolou os limites do Laguinho e as consultas em sua casa eram diárias.
Na gaveta o fundo amarelado guardava alem das lembranças, muitas saudades. Recostou o ombro na cadeira de balanço, tirou um fio de cabelo, e percebeu sua cor esbranquiçada que ficou em suas mãos, neste momento, outra dor mais forte no peito. Eram as lembranças que aquela gaveta lhe trazia, não lhe faziam bem nenhum.
Pensou no tempo em que o velho murucizeiro conhecia suas lembranças, foram cúmplices durante muitas décadas, ele era um confidente leal, em sua sombra a cumplicidade, seus frutos doces no chão, somente uma desculpa para querer sua companhia. Agora as tardes não possuíam mais o encanto de outrora, havia naquele momento um amargo sabor de saudade.
A gaveta seria fechada de uma hora pra outra, e com ela toda uma vida de glorias, vitórias, desamor, magoas, arrependimentos, tristezas, sonhos… Tudo ficou no passado!
NO FUNDO DE UMA VELHA GAVETA!




A BORBOLETA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em; 12 de fevereiro de 2003-cultura.

A BR 156 estava completamente nublada ao entardecer, e ainda no vidro do carro embaçado pela chuva fina, o motorista tentava não desviar da estrada, porém, os buracos em numero excessivo eram grande obstáculo, ele ainda estava preocupado com o sono leve que se aproximava deixando transparecer um ar de inquietação.
Neste momento um caminhão carregado de eucaliptos que vinha em sentido contrario o fez redobrar a atenção para não ocasionar um acidente grave.
O buraco no meio da estrada surgiu como por encanto, ele sabia que não estava lá quando veio pela primeira vez, e o sol ainda estava no alto norteando sua viagem. O barulho das rodas no asfalto fez com que os ocupantes que estavam no banco de traz acordassem, e aos gritos perguntavam: o que foi isso? E o coitado branco de medo não tinha uma explicação.
A viagem com o primeiro susto seria o começo de uma grande odisséia naquela noite. O carro equilibrava na estrada como que conduzido por algo estranho e o motorista continuava com seu medo sem demonstrar aos outros ocupantes.
O vento forte que bateu no vidro da janela, fez com que uma claridade repentina despertasse o motorista que já se acalmava do primeiro susto, e ele não sabe explicar como o fenômeno aconteceu: primeiro foi uma rajada de vento acompanhado de uma luz muito forte, depois um inseto que foi se transformando em algo maior e ele exclamou assustado aos amigos que era uma Borboleta gigante.
No percurso com destino ao município amapaense de Ferreira Gomes, uma Borboleta luminosa acompanhou a viagem sem se deixar ficar para traz.
As vezes acompanhava do lado direito do carro, e quando o motorista tentava firmar o olhar para reconhecer o inseto, ela se esquivava e desaparecia, para logo em seguida surgir do nada no outro lado.
A luz que a rodeava era uma luz diferente que mudava de cor segundo o tal motorista que não conseguiu descrever qual a sensação de visualizar algo sobrenatural. Também existiu o medo que foi indescritível naquele momento de pavor.
E a estória da tal Borboleta Gigante se espalhou pelos velhos motoristas da BR 156.

DESPEDIDA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em: 13 de fevereiro de 2003-cultura.

As chuvas de março sempre foram inspirações para os mais sensíveis com o coração.
O frio une os amantes tornando-os mais cúmplices e amigos, fortalecendo as relações recíprocas de afeto, e deixando aflorar cada poeta escondido em um emaranhado de funções cotidianas, onde as obrigações tornam-se prioridades, deixando de lado a parte emotiva do ser humano.
A noite é um labirinto de desejos, que atinge o clímax quando a chuva começa a dar seus primeiros sinais, deixando as emoções nortearem os instintos, onde o entrelaçar de mãos, o sussurrar de sons indecifráveis é um ritual continuo sem hora para acabar.
O casal de namorados fez sua primeira jura de amor debaixo de uma das arvores centenárias da avenida Beira Rio, onde o vento forte do Rio Amazonas serviu de testemunha, pássaros eram platéia, que empolgados com o romance gorjeavam sem parar. Juras intermináveis, sensações luxuriantes e inebriantes faziam parte do cenário, e a chuva era o complemento final de uma cena de amor. Prometeram amar-se eternamente, até que a morte os separasse, cascas de arvores frondosas foram arrancadas e marcaram através de incrustações, como testemunho de um compromisso informal, sem a presença de um contrato civil, a relação amorosa daqueles eternos amantes.
O rapaz ao se despedir da amada ainda conservava no semblante o grau de felicidade que ela lhe proporcionou, e não percebeu o automóvel que se aproximava com regular velocidade, que o apanhou na lateral da calçada e ele foi atingido justamente na cabeça, tendo naquele momento traumatismo craniano fatal.
A noticia chegou como um raio que atingiu a moça em cheio, sem uma explicação que jamais será aceita. E ela com as mãos na cabeça, aos gritos sem conseguir pronunciar as frases corretas, tentava entender o por que? daquela DESPEDIDA.
Ele anteriormente desejava ser feliz e prolongar aquela felicidade que foi interrompida sem explicação. Ficará somente na entranha de uma arvore a lembrança de uma jura de amor.
Despedidas inexplicáveis acontecem todos os dias, porém, jamais conseguiremos compreender!






COMIGO NINGUÉM PODE…
Publicado no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 28 de novembro de 2002.

    A planta altamente venenosa é uma espécie de tajá brabo. Para os curandeiros que praticam a pajelança ela possui poder miraculoso que combate o mau olhado.
O pé de comigo ninguém pode ficava atrás da casa de um morador antigo do bairro do Laguinho. A matriarca tinha mania de curar a arvore que, viçosa possuía as folhas mais bonitas da redondeza, sua cor de um verde-oliva chamava a atenção de todos que a observavam com inveja, segundo a proprietária.
Entremeadas entre o verde e o branco as folhas reluziam seu brilho ao cair da tarde, sua forma como se fosse um coração se debruçava ao vento demonstrando que possuía superioridade entre as outras plantas do quintal.
Todos os dias o belo pé de Tajá recebia bacias cheias de água curada como diziam os mais antigos.
Na mistura benta lá se iam: sal grosso, alho batido no pilão de pau, folhas de mucuracaá, ramos de alecrim, pingos de cachaça pura e virgem e lavagem de água de carne fresca. Quando recebia seu banho o pé de comigo ninguém pode só faltava falar, suas folhas balançavam soberbas, e o vento vinha com uma docilidade como se conversasse com a touceira do Tajá venenoso.
Um dia a vizinha ouviu um assovio; começou fino, depois cresceu, ecoou pelo quintal, penetrou na alma, e ela procurou entre os pés de açaizeiro se havia alguém escondido lá, nada de anormal foi avistado. Varias vezes ela escutou o mesmo som e começou a partir daquele dia a prestar mais atenção de onde ele vinha.
Descobriu assustada que era do pé de Comigo Ninguém pode.
                                   
O BODE
Publicado no Jornal Diário do Amapá em: 12 de agosto de 2002.

O Curiaú se orgulha de sua gente e de suas lendas perpetuadas por pioneiros como seu Joaquim Tiburcio  Ramos.
A lenda do BODE foi propagada por muitos e muitos anos.
Contam os mais antigos que José Clarindo depois de uma tarefa na roça dirigia-se para sua residência lá pelas seis horas da tarde, e com a proximidade do entardecer, o medo tomava conta dos moradores, que intimidados pelas conversas de conhecidos e contadores de causos de aparecimentos de visagens, esperavam a presença do tal Bode Preto, que segundo seu Joaquim possuía uma barba rente aos pés. Clarindo não se intimidou, disse que ia de qualquer jeito, porém Tia Raimunda o aconselhou: “José não vai o Bode pode te pegar”! Seu Joaquim disse que com o seu porrete de paxíuba , nem um Bode o intimidaria, e reiterou: que “não ia crú” o porrete não o abandonaria. Ele não se acorvadou, porem, a morrinha lhe pegou.
Dizem que no dia 26 de julho o Bode realmente apareceu e a partir daí a lenda se espalhou e virou estrofe do cancioneiro popular nas trovas de cantorias dos batuques regionais, e uma delas diz assim:
“Na cisma do Joaquim/ nas terras do Curiaú/ não falo com todo mundo/ lá apareceu um Bode/ e tão dizendo que sou EU/”

Alguns mais afoitos propagavam um boato que quando as pessoas mais antigas, próximas da morte, elas se encantavam e viravam: Bode, Onças, Porcos, etc…
E assim a lenda do Bode Preto não desapareceu, continua viva e na memória de muitos pioneiros afrodescendentes como o seu Joaquim.
Seu Joaquim Tiburcio Ramos já é falecido.









terça-feira, 18 de agosto de 2015

UMA VERDADEIRA MULHER DO AMAPÁ, IRENE LIMA MARQUES + 21.07.2015

HOMENAGEM A UMA VERDADEIRA PIONEIRA DO AMAPÁ > DONA IRENE LIMA MARQUES

NASCEU > *05.04.1923
FALECIDA EM + 21.07.2015-AMAPÁ AOS 92 ANOS

Por > Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Especialista em Educação Profissional e Bacharel em Direito)

Na antiga Avenida Nações Unidas no Bairro do Laguinho em Macapá-AP moravam e ainda moram inúmeros VERDADEIROS PIONEIROS, gente aguerrida, destemida que ajudou a construir o estado do Amapá, dentre elas uma valorosa MULHER > DONA IRENE LIMA MARQUES.

Eu convivi com Dona Irene, era amiga de minha Mãe Izabel Machado.

DONA IRENE foi casada com o carpinteiro SEU LALU.

Dona Irene Mãe de uma família numerosa que lembro de alguns de seus filhos dentre eles: Eduardo, Clodoaldo, Zequinha, Alarico, Carlito, Graça, e Laercio, e inúmeros Netos.
Minha Mãe era Quitandeira, e vendia Bananas para Dona Irene que trabalhava incansável ao lado do esposo.
Mas o que recordo de Dona Irene era seu bom humor, sua alegria contagiante seu amor pela família e pelos amigos. Sempre prestativa não media esforços para ajudar quem precisasse dela. Eu fui estudar em Belém-PA e passei muitos anos longe de Macapá, quando retornei fui residir nos fundos do quintal de Dona Irene um sitio que minha Mãe tinha fazendo fronteiras com o dela, e quando ela resolvia limpar seu quintal, me chamava pelo nome.
Descobri hoje (18.08.2015 o seu falecimento me contado pela filha de outro Pioneiro Seu Joaquim do Curiau que me perguntou se EU sabia de sua morte, fiquei surpresa porque não sabia.
Estive em sua casa e falei com um de seus filhos o Oficial da reserva da Policia Militar do Amapá Carlito que me confirmou.
Voltei pra casa e decidir escrever este artigo em sua homenagem, lembrando de seu belo sorriso, em uma das vezes que nos encontramos no comercio da esquina de sua casa onde tinha uma outra NECA também falecida que era muito sua amiga.
DONA IRENE será lembrada pela sua importância, pelo seu amor ao Amapá, e a sua família porque foi muito amada e amou intensamente as pessoas que dela faziam parte.
EU NÃO ACEITO como moradora e descendente de Pioneiros do bairro do Laguinho O NOME DA ATUAL AVENIDA que foi mudada para José Tupinambá, na antiga Avenida Nações Unidas moravam INUMEROS PIONEIROS, e ela deveria retornar para uma mudança e homenagear TODOS que lá residiam com o NOME DE AVENIDA DOS PIONEIROS.
ADEUS DONA IRENE, QUE ORGULHO DA SENHORA.








sábado, 15 de agosto de 2015

MANFRED UM ALEMÃO QUE MORA NO AMAPÁ FICA TRISTE COM O DINHEIRO DO CONTRI...

DESTRUIÇÃO DA ORLA DE MACAPÁ JÁ ATINGE O PASSEIO PUBLICO

DESTRUIÇÃO DA ORLA DE MACAPÁ JÁ ATINGE O PASSEIO PUBLICO,02

ARI SANTOS QUER REENCONTRAR EX ALUNOS DO TIRADENTES DE MACAPÁ DA TURMA ...

AMSTRONG SOUZA É GENEROSO COM NECA MACHADO, QUE AGRADECE

AMSTRONG SOUZA É GENEROSO COM NECA MACHADO, QUE AGRADECE

NECA MACHADO VENDE UM SITIO NO CORAÇÃO DE MACAPÁ 25 X 60 METROS 3

NECA MACHADO VALORIZA PIONEIROS DO AMAPÁ, DONA DIQUINHA DO ROSARIO

NECA MACHADO VALORIZA PIONEIROS DO AMAPÁ, DONA DIQUINHA DO ROSARIO