ESTE (MUSEU VIRTUAL)"ERA" PARA VALORIZAR A MEMÓRIA DO AMAPÁ. (NÃO HAVERÁ MAIS ATUALIZAÇÃO) FOTOS NÃO PODEM SER REMOVIDAS, POSSUEM DIREITOS AUTORAIS, sob pena da Lei nº 9.610, de 19/02/1998 ) (SE REMOVER FOTOGRAFIAS, VAI SER PROCESSADO) fotos, dados e biografias- nmmac@live.com (AS EXPRESSÕES MUSEU DO PIONEIRO DO AMAPÁ E MEMORIAL DO PIONEIRO DO AMAPÁ) ESTÃO REGISTRADAS EM CARTORIO NO AMAPÁ, EM MEU NOME) PAGUE (1 REAL PELA SUA CURIOSIDADE) BANCO BRASIL/AG 2825-8 C/C 29.598-1)
domingo, 30 de agosto de 2015
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
ARTIGO > NECA MACHADO
A
EDUCAÇÃO DAS RUAS
ELO
ENTRE O DESENVOLVER E O SUICIDAR-SE.
Por > Neca Machado
(Especialista em Educação Profissional, Administradora Geral, Licenciada Plena
em Pedagogia, Jornalista Colaboradora, Artista Plástica em Impressionismo e
Abstrato, Quituteira e Bacharel em Direito Ambiental)
O
escritor e Psiquiatra Içami Tiba traduziu uma marca de uma educação nacional
contestada por muitos de que QUEM AMA,
EDUCA.
O AMOR
não tem forma, nem formula, nem uma definição única, ele se traduz em somas de
emoções, disciplinas, entendimentos e na complexidade dos conceitos que são
singulares e subjetivos. SER MÃE para muitos é proteger, superproteger, afagar,
controlar.... Mas a RUA EDUCA SIM. (Neca
Machado)
Quantas
vezes a maternidade nutre e separa.(?)
O SUICÍDIO segundo conceituação
cientifica:
Suicídio ou autocídio (do latim, sui,
ou do grego autos:
"próprio"; e do latim caedere ou cidium: "matar") é o ato
intencional de matar a si mesmo. Sua
causa mais comum é um transtorno
mental e/ou psicológico que
pode incluir depressão, transtorno bipolar,esquizofrenia, alcoolismo e abuso de drogas. Dificuldades financeiras e/ou
emocionais também desempenham um fator significativo. Além da consideração nefasta do
suicídio, há também avaliações positivas, sendo visto como uma vontade legítima
ou um dever moral .
A RUA QUANDO EDUCA, mata.
Mata
por DESEDUCAR.
Mata
por não nutrir de caráter educativo quando alguém se nutre dessa educação
nociva de LIBERDADE precoce, liberdade libertadora, liberdade sem limites.
E aí
vem o suicidar-se sem causa, sem noção, sem motivo aparente. São as DROGAS
licitas (álcool, cigarro, remédios...) e as ILÍCITAS (substancias psicoativas)
Danosas e criminosas que MATAM qualquer um, sem idade, sem gênero, sem classe
social, sedução para quem nunca experimentou, sedução no primeiro experimentar,
sedução por pura sedução, até a DEPENDÊNCIA TOTAL.
A RUA EDUCA (Neca Machado)
Mas o
acordar depois da RUA é transformador, desnorteador com seus problemas enigmáticos.
E agora?
A quem recorrer? Se o Estado se exime sem políticas públicas no sistema de saúde
sem condições, sem investimentos, sem tecnologia para DESINTOXICAÇÃO,
proliferam clinicas milagrosas que nada tem de Milagres, e o SUICIDA NÃO MORRE SÓ.
Leva com ele a família toda.
Que precisa
ficar vigilante para o proteger.
Mas, o
mais grave é observarmos que dados estatísticos comprovam que as classes médias
e alta estão infestadas de dependentes químicos e que autoridades que detém o
poder quando possuem um familiar dependente químico ESCONDEM seus problemas quando
poderiam transformar suas dores em soluções, elaborar LEIS mais eficazes para
punir o traficante, não proporcionando a estes o direito de liberdade,
confiscando de imediato seus bens para construção de centros de desintoxicação
Infelizmente
AS RUAS CONTINUARÃO A EDUCAR.
DESEDUCANDO.
MATANDO JOVENS EM PLENA CAPACIDADE
PRODUTIVA, E MATANDO FAMÍLIAS.
“QUEM AMA EDUCA” ( Içami Tiba)
“A RUA TAMBÉM EDUCA E MATA” ( Neca
Machado)
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
69 ANOS DA SOCIEDADE ESPORTIVA E RECREATIVA SÃO JOSÉ * 26.08.2015
26.08.2015
*69
ANOS DA SOCIEDADE ESPORTIVA E RECREATIVA SÃO JOSÉ
Por > Neca Machado (Jornalista
Colaboradora, Bacharel em Direito e Especialista em Educação Profissional)
“Sociedade Esportiva e
Recreativa São José. O clube foi fundado por Messias do Espirito Santo, um Oficial
de Justiça do Fórum de Macapá, dentre seus fundadores, com objetivo de
participar oficialmente do esporte regional.”
SEM
HOMENAGENS.
Sou AMAPAENSE nascida no
Poço do Mato, fundadora do Memorial que leva o mesmo nome.
Hoje acordei
e NÃO escutei o som de fogos para homenagear os 69 anos da Sociedade Esportiva
e Recreativa São José.
Não escutei o som dos autos
falantes do carro de publicidade do Edvar Mota noticiando o aniversário do
clube que está se encaminhando para seu centenário.
Nem vi as luzes serem
acendidas por lampiões do ZÉ DA LINA.
Não escutei o assovio do
Negro PSIU dizendo que haveria festa no Bairro.
NEM a notícia de primeira
hora do JOÃO DO BALÚ.
Não senti o cheiro do
Tucupi com alfavaca e chicória da Tia Joana preparando um saboroso tacacá para
a festa.
Não tem o Açaí do Ramiro,
Não tem o Batuque do
Mestre Bolão
Não tem o ar de leveza do
Caiá.
Nem o rodopio das saias de
Tia Chiquinha se preparando para dançar, ao lado de TIA VENINA.
Nem tem CROQUETES DE PÃO
DE TIA IZABEL para comemorar,
Nem tem bancos de madeiras
feitos por Mestre Paulo para Sentar,
Nem tem o sorriso de
ironia do RATO para ladrões afugentar.
Nem tem as garrafadas de
Mestre SACACA para brindar a saúde de novos jogadores.
NEM as rezas de Dona
Antonina para o clube ganhar.
Nem o Bar do Pedro da Lina
para comemorar.
Nem tem seu LALÚ, CANDIRÚ,
MORCEGO, para contar causos ao ar livre,
Nem tem praça do Azevedo Costa,
Nem agua de POÇO DO MATO
para beber mais, só fossa no meio da rua.
Nem tem TIA MACICA,
SEU AVULÚ
DONA TEREZA,
SEU GUILHERME LOURENÇO
TUPINAMBÁ.
Seu BARATA, MESTRE OSCAR.
NEM DELEGADO TEOBALDO para
prender quem desarrumar.
NEM MEDICO LEONAI GARCIA
PARA RECLAMAR.
NEM TEM
MOTIVO PARA COMEMORAR.
O atual Prefeito de Macapá
(2015) diz que o povo está no poder.
Mas se EU
ESTIVESSE NO PODER.
COLOCAVA
OUTDOOR PELAS ESQUINAS DO BAIRRO DO LAGUINHO COM O NOME DE TODOS OS PRESIDENTES
QUE PASSARAM PELO SÃO JOSÉ.
Para que as novas gerações
lembrassem de SUA IMPORANCIA, NESSES 69 ANOS DE HISTORIA E MUITAS GLORIAS.
Mas EU FIZ
UM BOLO SIMBOLICO para comemorar seus 69 anos.
domingo, 23 de agosto de 2015
sábado, 22 de agosto de 2015
22.08 > DIA DO FOLCLORE > EU SOU FOLCLORISTA COM ORGULHO
22.08
> Dia Mundial do Pensamento e DIA DO FOLCLORE
Por
> Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Escritora,
Especialista em Educação e FOLCLORISTA)
Eu
sou uma FOLCLORISTA TUCUJU, escrevi dezenas de CONTOS sobre a Mitologia Tucuju
e continuo a VALORIZAR NOSSA
GASTRONOMIA.
“O Dia do Folclore é celebrado internacionalmente (incluindo no Brasil) no dia 22 de
agosto. Isso porque nessa mesma data, no ano de 1846, a palavra “folklore” (em
inglês) foi inventada. O autor do termo foi o arqueólogo inglês William John Thoms, que
fez a junção de “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) para definir
os fenômenos culturais típicos das culturas populares tradicionais de cada
nação.
Sabemos que o folclore, ou
cultura popular, tem despertado grande interesse de pesquisadores de todo o
mundo desde o século XIX. É fundamental para um país conhecer as raízes de suas
tradições populares e cotejá-las com as de caráter erudito. Os grandes
folcloristas encarregam-se de registrar contos, lendas, anedotas, músicas,
danças, vestuários, comidas típicas e tudo o mais que define a cultura popular.”
CONTOS
DA NECA MACHADO
Publiquei centenas de
CONTOS que foram releituras de estórias contadas a mim, por verdadeiros
PIONEIROS DO AMAPÁ, que poderiam ser publicadas para que as futuras gerações
conhecessem a nossa VERDADEIRA ESTORIA, CONTOS E CAUSOS POPULARES, mas,
infelizmente só consegui com RECURSOS PROPRIOS publicar apenas um ENSAIO com 10
contos, ninguém da área da cultura amapaense teve interesse.
Dia de Monteiro
Lobato não precisamos ficar reproduzindo suas estórias infantis, AQUI NO AMAPÁ,
temos tantas histórias E ESTORIAS, belas, traduzindo a verdadeira CARA DA
CULTURA TUCUJU.
OS ENCANTOS DO POÇO DO MATO
A lata de manteiga bem ariada, é
instrumento de trabalho de Nega Piedade, rebolando as cadeiras ela desce
preguiçosa e com ares de princesa de ébano as ladeiras que circundam o entorno
do POÇO DO MATO, cantarola sem letra uma canção indecifrável aos ouvidos dos
mortais.
Ela retira com cuidado os cipós que
atrapalham seu caminho e segue sorrateira como uma cobra a dar o bote. No lado
esquerdo um pedaço de pano no ombro, puído pelo tempo e no braço direito a
famosa lata de manteiga que serviria para levar o liquido precioso para os
patrões degustarem após a ceia matinal e para ajudar nos afazeres domésticos.
Negra Piedade brilha na sua cor lustrada
pelos raios dourados do sol que banham aquela manhã, e ela num misto de magia
faz parte de uma aquarela. O POÇO DO MATO tornou-se inatingível, distante, e a
negra no viço da idade não percebe, o canto do pássaro é sua companhia, e a
caminhada é longa, ela levanta a blusa, mostra seus seios rijos ao sol e enxuga
o suor da testa.
Ao abrir os olhos o POÇO DO MATO surge
como por encanto a sua frente e suas águas jorram como faíscas prateadas
lavando o céu.
Piedade é só alegria, suas companheiras
não apareceram e ela agradece por não ter que dividir espaço com ninguém em
busca da água. A negra furtiva e exausta da caminhada observa se alguém se
aproxima, seu suor é forte nas entranhas, seu cabelo carapinha, e os calos nos
pés são esquecidos por um momento e ela se entrega aos sonhos, sentada ao redor
do POÇO DO MATO encantado, dos Campos do Laguinho.
O Moço branco de camisa engomada,
perfume francês estende-lhe suas mãos, e Piedade não recusa seu convite,
levanta assanhada, arruma os cabelos, ensaia seu sorriso mais branco, balança
as cadeiras, empina os seios num frenesi e exclama: sou toda sua Sinhô!
O moço ergue-a do solo, levita com ela
naquele cenário e Piedade emudece, os pássaros continuam a cantar, as arvores
deslizam suavemente ao balançar do vento e a brisa que sopra não a desperta de
seu sonho irreal.
O POÇO DO MATO é a única testemunha da
Negra Piedade e cúmplice em seu prazer carnal. As horas são intermináveis e
preocupam os seus patrões, seus conhecidos e os vizinhos da negra Piedade.
Escurece, a Rasga Mortalha solta seu
grito ensurdecedor, o céu tem muitas estrelas, o vento é frio e o Poço do Mato
assustador, negra Piedade não voltou, os moleques correm com lamparinas pelo
mato, cachorros servem de companhia a procura de negra Piedade, e nem
sinal dela. A noticia se espalhou, o seu sumiço é comentado em todas as
esquinas, e em todos os bairros, a população que mora na Favela e no Elesbão
ficam estarrecidos.
As lavadeiras e as carregadeiras de água
junto com as moças virgens são proibidas de irem ao Poço do Mato sozinhas.
Por que?
Negra Piedade foi ENCANTADA no Poço do
Mato dos Campos do Laguinho.
“Olha
sinhô,
Olha
sinhô
No
poço do Mato
Essa
Negra se encantou…”
ARCAISMOS DO LAGUINHO
Laguinho
é meu lugar…
Matéria
publicada no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 25 de fevereiro
de 2003.
O Bairro do Laguinho é um recanto
primoroso do Amapá, possui figuras expressivas no âmbito cultural, folclóricas,
boemias, caricatas, anônimas, enfim…
O Laguinho se imortalizou por falar de
poesia, sem o compromisso formal da escrita. No Laguinho encontramos o negro
soberbo da sua cor, o poeta que cria trovas ao acaso, o boêmio que amanhece
fora de casa, e ainda na rua interpreta poemas criados na noite anterior
debruçado sobre uma cadeira de um bar qualquer.
Arcaísmos
do Laguinho é a rebusca por palavras em desuso, antigas, antiquadas… Falar de
umPitisqueiro que
guardava preciosidades em suas gavetas de puro mogno, e que o verniz não saiu
com o tempo, é salutar para a memória, abicorar passarinho
no Poço do Mato, sem ser incomodado por horas a fio, quieto, calado, feito uma
estatua, quase morto… Desmintir o pé
numa pelada nos campos do Kouro e levar para a famosa puxadeira Maria Cunha,
Sacaca, Crioulo Branco, ou outros famosos que davam jeito na rasgadura do pé
com a rapidez de um mágico.
Ataia,
ataia… Os caminhos sem demora para se chegar aos objetivos propostos, ir na retrete e
deixar a porta aberta era mania de todo mundo, só fechavam a porta quando
alguém aparecia de repente.
Alguém
estava Cuira para
saber das ultimas novidades que as fofocas espalhavam, tiriça curtida
depois de um bom gole de açaí amassado pelas mãos da Tia Geralda, a canela de
um moleque magro,intanguido, tuira de não tomar banho, ou quando tomava
era pela metade…
A cabeça de prego que trazia doenças e
ficava nas valas empossadas ao lado, era um perigo diziam as velhas amas.
Menino corre da frente dessa cintina, gritava a mãe de vez em quando, Eré,
Eré para mandar
embora os inconvenientes, rodilha quebra com facilidade, cuidado! Só como
paçoca feita em mufari(pilão). O Laguinho será sempre um lugar de saudade,
aconchego e muitos amigos…
UM
ROSTO
Conto
publicado no Jornal Diário do Amapá em, 23 de fevereiro de 2003.
O rosto que apareceu no espelho não era
verdadeiro!
A moradora do bairro do Igarapé das
Mulheres se espantou; tinham rugas que pareciam de verdade, o sorriso era
enigmático e traiçoeiro. A luz que pairava sobre o vulto sem forma no reflexo
do espelho era assustador.
A noticia correu como um campeonato de velocidade,
primeiro a benzedeira foi chamada, depois cobriu com um pano o local, passou
algo embebido em cachaça, fumou um cigarro barato, fez o sinal da cruz e a
coisa não sumiu.
A casa foi construída na beira do
Igarapé das Mulheres, seus pés permaneciam dentro das águas barrentas o ano
todo; às vezes a madeira de lei ficava totalmente encoberta, outras vezes
somente a metade, dizem as más línguas que foi a reza de um pescador
sentimental que agourou a velha casa, comprada com trocas de muitas viagens de
pescaria, alqueires de farinha, piracuí e algumas frutas que foram plantadas na
parte mais alta da propriedade, que serviu de moeda para adquirir tal
patrimônio.
A reza foi complementada com muita água
benta deixada de presente pelo velho pároco que estimava a família.
No espelho o visitante ao olhar a imagem
refletida, tinha a sensação de realmente se deparar com um ROSTO.
Se era uma imagem masculina, o padre que
também foi chamado, não soube explicar. O que realmente aconteceu foi algo
assustador; os antigos moradores sumiram de repente, como por encantamento de
mãe do mato, a policia ainda tentou investigar o sumiço, porém, nada foi
deixado como pista. Era um casal de velhos da Ilha do Marajó, não tinham
filhos, viviam somente da pescaria, e um dia a noticia chegou: os pobres velhos
sumiram, alguém achou que foi o Boto, outros que foram comidos por jacaré açu
que rondavam o local, e nada.
O que se comentava pelos cantos, era que
agora, com alguém morando na mesma casa, os antigos donos queriam voltar e assumir
seu lugar.
O
ROSTO no espelho ficou na lembrança de muitas pessoas, como Dona Maroca que só
de lembrar ainda sente calafrios na espinha e se benze, dizendo: Cruz, credo,
virgem Maria!
FUNDO
DE GAVETA
Publicado
em 21 de fevereiro de 2003 no Jornal Diário do Amapá.
Quando ela se deparou chegando aos
oitenta anos sentiu um leve frio na costela…
A negra dos Campos do Laguinho sentou na
varanda da casa rústica e resolveu revirar seu passado, era como se limpasse o
armário e olhasse profundamente para um fundo de gaveta…
Primeiro foram às mãos que envelheceram
sem o sentir do passar dos anos, tinham marcas profundas de uma jovialidade,
que a cor conservava, sem que o tempo demonstrasse sinal de sua presença.
Já
não podia tocar em algo que as dores de um reumatismo não surgisse de repente,
que a deixavamprostada por dias a fio na velha rede de
algodão.
Muitos sinais da passagem da juventude
desapareceram, sumiram como por encanto. A dor de cabeça era uma constante, e o
famoso banho de São João que conservava debaixo da cama, era sua salvação, o
banho era um segredo de família, conservado anos. Em dias de comemoração ao
famoso santo, as ervas aromáticas ficavam em infusão por três dias banhadas em
água de poço amazônida e retirados pela madrugada, tinha que ser antes do sol
raiar para fazer efeito segundo a velha senhora. Sua sabedoria popular
extrapolou os limites do Laguinho e as consultas em sua casa eram diárias.
Na gaveta o fundo amarelado guardava
alem das lembranças, muitas saudades. Recostou o ombro na cadeira de balanço,
tirou um fio de cabelo, e percebeu sua cor esbranquiçada que ficou em suas mãos,
neste momento, outra dor mais forte no peito. Eram as lembranças que aquela
gaveta lhe trazia, não lhe faziam bem nenhum.
Pensou no tempo em que o velho
murucizeiro conhecia suas lembranças, foram cúmplices durante muitas décadas,
ele era um confidente leal, em sua sombra a cumplicidade, seus frutos doces no
chão, somente uma desculpa para querer sua companhia. Agora as tardes não
possuíam mais o encanto de outrora, havia naquele momento um amargo sabor de
saudade.
A gaveta seria fechada de uma hora pra outra,
e com ela toda uma vida de glorias, vitórias, desamor, magoas, arrependimentos,
tristezas, sonhos… Tudo ficou no passado!
NO FUNDO DE UMA VELHA GAVETA!
A
BORBOLETA
Publicado
no Jornal Diário do Amapá em; 12 de fevereiro de 2003-cultura.
A BR 156 estava completamente nublada ao
entardecer, e ainda no vidro do carro embaçado pela chuva fina, o motorista
tentava não desviar da estrada, porém, os buracos em numero excessivo eram
grande obstáculo, ele ainda estava preocupado com o sono leve que se aproximava
deixando transparecer um ar de inquietação.
Neste momento um caminhão carregado de
eucaliptos que vinha em sentido contrario o fez redobrar a atenção para não
ocasionar um acidente grave.
O buraco no meio da estrada surgiu como
por encanto, ele sabia que não estava lá quando veio pela primeira vez, e o sol
ainda estava no alto norteando sua viagem. O barulho das rodas no asfalto fez
com que os ocupantes que estavam no banco de traz acordassem, e aos gritos
perguntavam: o que foi isso? E o coitado branco de medo não tinha uma
explicação.
A viagem com o primeiro susto seria o
começo de uma grande odisséia naquela noite. O carro equilibrava na estrada
como que conduzido por algo estranho e o motorista continuava com seu medo sem
demonstrar aos outros ocupantes.
O vento forte que bateu no vidro da
janela, fez com que uma claridade repentina despertasse o motorista que já se
acalmava do primeiro susto, e ele não sabe explicar como o fenômeno aconteceu:
primeiro foi uma rajada de vento acompanhado de uma luz muito forte, depois um
inseto que foi se transformando em algo maior e ele exclamou assustado aos
amigos que era uma Borboleta gigante.
No percurso com destino ao município
amapaense de Ferreira Gomes, uma Borboleta luminosa acompanhou a viagem sem se
deixar ficar para traz.
As vezes acompanhava do lado direito do
carro, e quando o motorista tentava firmar o olhar para reconhecer o inseto,
ela se esquivava e desaparecia, para logo em seguida surgir do nada no outro
lado.
A luz que a rodeava era uma luz
diferente que mudava de cor segundo o tal motorista que não conseguiu descrever
qual a sensação de visualizar algo sobrenatural. Também existiu o medo que foi
indescritível naquele momento de pavor.
E
a estória da tal Borboleta Gigante se espalhou pelos velhos motoristas da BR
156.
DESPEDIDA
Publicado
no Jornal Diário do Amapá em: 13 de fevereiro de 2003-cultura.
As
chuvas de março sempre foram inspirações para os mais sensíveis com o coração.
O frio une os amantes tornando-os mais
cúmplices e amigos, fortalecendo as relações recíprocas de afeto, e deixando
aflorar cada poeta escondido em um emaranhado de funções cotidianas, onde as
obrigações tornam-se prioridades, deixando de lado a parte emotiva do ser
humano.
A noite é um labirinto de desejos, que
atinge o clímax quando a chuva começa a dar seus primeiros sinais, deixando as
emoções nortearem os instintos, onde o entrelaçar de mãos, o sussurrar de sons
indecifráveis é um ritual continuo sem hora para acabar.
O casal de namorados fez sua primeira
jura de amor debaixo de uma das arvores centenárias da avenida Beira Rio, onde
o vento forte do Rio Amazonas serviu de testemunha, pássaros eram platéia, que
empolgados com o romance gorjeavam sem parar. Juras intermináveis, sensações
luxuriantes e inebriantes faziam parte do cenário, e a chuva era o complemento
final de uma cena de amor. Prometeram amar-se eternamente, até que a morte os
separasse, cascas de arvores frondosas foram arrancadas e marcaram através de
incrustações, como testemunho de um compromisso informal, sem a presença de um
contrato civil, a relação amorosa daqueles eternos amantes.
O rapaz ao se despedir da amada ainda
conservava no semblante o grau de felicidade que ela lhe proporcionou, e não
percebeu o automóvel que se aproximava com regular velocidade, que o apanhou na
lateral da calçada e ele foi atingido justamente na cabeça, tendo naquele
momento traumatismo craniano fatal.
A noticia chegou como um raio que
atingiu a moça em cheio, sem uma explicação que jamais será aceita. E ela com
as mãos na cabeça, aos gritos sem conseguir pronunciar as frases corretas,
tentava entender o por que? daquela DESPEDIDA.
Ele anteriormente desejava ser feliz e
prolongar aquela felicidade que foi interrompida sem explicação. Ficará somente
na entranha de uma arvore a lembrança de uma jura de amor.
Despedidas inexplicáveis acontecem todos
os dias, porém, jamais conseguiremos compreender!
COMIGO
NINGUÉM PODE…
Publicado
no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 28 de novembro de 2002.
A planta altamente
venenosa é uma espécie de tajá brabo. Para os curandeiros que praticam a
pajelança ela possui poder miraculoso que combate o mau olhado.
O pé de comigo ninguém pode ficava atrás
da casa de um morador antigo do bairro do Laguinho. A matriarca tinha mania de
curar a arvore que, viçosa possuía as folhas mais bonitas da redondeza, sua cor
de um verde-oliva chamava a atenção de todos que a observavam com inveja,
segundo a proprietária.
Entremeadas entre o verde e o branco as
folhas reluziam seu brilho ao cair da tarde, sua forma como se fosse um coração
se debruçava ao vento demonstrando que possuía superioridade entre as outras
plantas do quintal.
Todos os dias o belo pé de Tajá recebia
bacias cheias de água curada como diziam os mais antigos.
Na mistura benta lá se iam: sal grosso,
alho batido no pilão de pau, folhas de mucuracaá, ramos de alecrim, pingos de
cachaça pura e virgem e lavagem de água de carne fresca. Quando recebia seu
banho o pé de comigo ninguém pode só faltava falar, suas folhas balançavam
soberbas, e o vento vinha com uma docilidade como se conversasse com a touceira
do Tajá venenoso.
Um dia a vizinha ouviu um assovio;
começou fino, depois cresceu, ecoou pelo quintal, penetrou na alma, e ela
procurou entre os pés de açaizeiro se havia alguém escondido lá, nada de
anormal foi avistado. Varias vezes ela escutou o mesmo som e começou a partir
daquele dia a prestar mais atenção de onde ele vinha.
Descobriu assustada que era do pé de
Comigo Ninguém pode.
O
BODE
Publicado
no Jornal Diário do Amapá em: 12 de agosto de 2002.
O Curiaú se orgulha de sua gente e de
suas lendas perpetuadas por pioneiros como seu Joaquim Tiburcio Ramos.
A lenda do BODE foi propagada por muitos
e muitos anos.
Contam os mais antigos que José Clarindo
depois de uma tarefa na roça dirigia-se para sua residência lá pelas seis horas
da tarde, e com a proximidade do entardecer, o medo tomava conta dos moradores,
que intimidados pelas conversas de conhecidos e contadores de causos de
aparecimentos de visagens, esperavam a presença do tal Bode Preto, que segundo
seu Joaquim possuía uma barba rente aos pés. Clarindo não se intimidou, disse
que ia de qualquer jeito, porém Tia Raimunda o aconselhou: “José não vai o Bode
pode te pegar”! Seu Joaquim disse que com o seu porrete de paxíuba , nem um
Bode o intimidaria, e reiterou: que “não ia crú” o porrete não o abandonaria.
Ele não se acorvadou, porem, a morrinha lhe pegou.
Dizem que no dia 26 de julho o Bode
realmente apareceu e a partir daí a lenda se espalhou e virou estrofe do
cancioneiro popular nas trovas de cantorias dos batuques regionais, e uma delas
diz assim:
“Na
cisma do Joaquim/ nas terras do Curiaú/ não falo com todo mundo/ lá apareceu um
Bode/ e tão dizendo que sou EU/”
Alguns mais afoitos propagavam um boato
que quando as pessoas mais antigas, próximas da morte, elas se encantavam e
viravam: Bode, Onças, Porcos, etc…
E assim a lenda do Bode Preto não
desapareceu, continua viva e na memória de muitos pioneiros afrodescendentes
como o seu Joaquim.
Seu
Joaquim Tiburcio Ramos já é falecido.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
UMA VERDADEIRA MULHER DO AMAPÁ, IRENE LIMA MARQUES + 21.07.2015
HOMENAGEM A UMA VERDADEIRA PIONEIRA DO
AMAPÁ > DONA IRENE LIMA MARQUES
NASCEU > *05.04.1923
FALECIDA EM + 21.07.2015-AMAPÁ AOS 92 ANOS
Por > Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Especialista em Educação
Profissional e Bacharel em Direito)
Na
antiga Avenida Nações Unidas no Bairro do Laguinho em Macapá-AP moravam e ainda
moram inúmeros VERDADEIROS PIONEIROS,
gente aguerrida, destemida que ajudou a construir o estado do Amapá, dentre
elas uma valorosa MULHER > DONA IRENE
LIMA MARQUES.
Eu convivi com Dona Irene, era amiga de
minha Mãe Izabel Machado.
DONA IRENE foi casada com o carpinteiro
SEU LALU.
Dona Irene
Mãe de uma família numerosa que lembro de alguns de seus filhos dentre eles:
Eduardo, Clodoaldo, Zequinha, Alarico, Carlito, Graça, e Laercio, e inúmeros Netos.
Minha
Mãe era Quitandeira, e vendia Bananas para Dona Irene que trabalhava incansável
ao lado do esposo.
Mas o
que recordo de Dona Irene era seu bom humor, sua alegria contagiante seu amor
pela família e pelos amigos. Sempre prestativa não media esforços para ajudar
quem precisasse dela. Eu fui estudar em Belém-PA e passei muitos anos longe de
Macapá, quando retornei fui residir nos fundos do quintal de Dona Irene um
sitio que minha Mãe tinha fazendo fronteiras com o dela, e quando ela resolvia
limpar seu quintal, me chamava pelo nome.
Descobri
hoje (18.08.2015 o seu falecimento me contado pela filha de outro Pioneiro Seu
Joaquim do Curiau que me perguntou se EU sabia de sua morte, fiquei surpresa
porque não sabia.
Estive
em sua casa e falei com um de seus filhos o Oficial da reserva da Policia
Militar do Amapá Carlito que me confirmou.
Voltei
pra casa e decidir escrever este artigo em sua homenagem, lembrando de seu belo
sorriso, em uma das vezes que nos encontramos no comercio da esquina de sua
casa onde tinha uma outra NECA também falecida que era muito sua amiga.
DONA
IRENE será lembrada pela sua importância, pelo seu amor ao Amapá, e a sua família
porque foi muito amada e amou intensamente as pessoas que dela faziam parte.
EU NÃO
ACEITO como moradora e descendente de Pioneiros do bairro do Laguinho O NOME DA
ATUAL AVENIDA que foi mudada para José Tupinambá, na antiga Avenida Nações
Unidas moravam INUMEROS PIONEIROS, e ela deveria retornar para uma mudança e
homenagear TODOS que lá residiam com
o NOME DE AVENIDA DOS PIONEIROS.
ADEUS
DONA IRENE, QUE ORGULHO DA SENHORA.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
domingo, 16 de agosto de 2015
sábado, 15 de agosto de 2015
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)